Felicidade
Olho e vejo, folhas soltas pelo chão
É o pronuncio do Outono a chegar
Versejo sobre a estação versátil
No alto do monte, a brisa da manhã me acaricia
Respiro, penso e olho
O que vejo?
Montes e vales de amargura
Apenas e tão só, vejo o nada que sou
Lamento e choro, o que não vivi e o que sofri
Lágrimas teimosas, ameaçam cair
Nada sou
Apenas sei, que sou filha do mar
E sempre serei cria Insular
Um rosário eu vou rezar
As contas vão desfiar, para sempre te vou Amar
A felicidade irei procurar
Mas será que a vou encontrar?
Manuela Bulcão
Musa
Som ténue cai na minha pele
A tempestade solta ecos de tentações obscuras
Sinto tais volatilidades numa impavidez desconcertante
Espero pelo toque terno de uma musa.
A mulher que embala tais anseio existe
Sua existência reveste-se de luz
Aceita esta realidade
Esta tentação de seda, esta busca atenta
Na minha fragilidade vislumbro caminhos finitos
Caminho só, vaguei sempre pela multidão
Suja de intenções banais
Mas tudo tem um significado, uma intenção.
Ergo-me do caos imperado nestes tempos de trevas
O meu corpo expõe as suas asas terrenas sobre o teu rosto
Face luzidia e carinho
Sussurro a ti, a minha musa…
Canções de esperança!
Manuela Bulcão
Saudade
Adormeço e sonho contigo
Entro num túnel, percorrendo o labirinto da saudade
Ao fundo vislumbro luz e penso na liberdade iminente
Sonho contigo, meu Amor
Ósculos, promessas e juras de amor eterno
Noites de ternura, orgasmos e gritos de loucura
Somos escravos de um amor impossível
Será isto um sonho?
Transpiro, ofegante nesta corrida luxuriante
Transponho o vácuo da paixão desenfreada
Sou escrava do amor inconstante
Sou deusa do mar, amante furtiva
E quando acordo, estou só
E mergulho no abismo da realidade
Choro lágrimas de saudade
Vagueando tão só na solidão
Isto foi apenas um sonho que sonhei.
Manuela Bulcão
Sinestesia do Amor
Amor...
Substancia invisível da existência humana
Rio permanente de emoções
Metamorfismo frio dos ossos terrenos
Calor gélido da pele
Amor...
Intrusão dura na luz da solidão
Emoção esvoaçante da torrente
Caos organizado da sinestesia
Liquido sólido da ilusão
Amor...
Abraço distante da metáfora
Magma sedimentar da esperança
Orgasmo impotente da paixão
Laivo de fúria sistemática
Amor…
Inconstância e partida
Solo e abrupto rochoso
Diastrofismo e melodia musa
Nada e tudo
Amor…
Humano!
Manuela Bulcão
Amor
Dois corpos suados
Epiderme translúcida de desejo
Gotículas de amor e paixão
Corpos suados, amor loucura
Amantes fugidios, desejo ardente
Destino cruel, amores separados
Amor sofrido âmago e dor
Tudo e nada…geograficamente perturbado p”la distancia
Dor finita, dois corpos num só
Espelhos, reflexo da existência, vivida
Destino marcado recicla emoções intensamente vividas,
Frustrada sangro e transpiro, grito calada ao vento
Reflexo de dor e amor contido, meramente vivido
Amantes fieis ao AMOR que os UNE
Manuela Bulcão
A outra metade
Tardiamente te encontrei, meu amor
Acreditei, procurei e encontrei
“Amor”
Eu sabia eu sentia que existias
Nas lagoas eu te via, podia ser na verde ou na azul
Eu via era real, não era imaginação era o coração que dizia
O encontro foi real, a conversa foi banal
Nossos corações se uniram e o puzzle encaixou
Eras tu
O amor continua, o que fazemos?
Resignamos? Ou prosseguimos?
Ergo os olhos ao céu em prece muda
E agradeço os momentos que vivi.
Lágrimas de amargura e felicidade me caiem no regaço
Fui feliz
O pouco que me deste foi muito para mim
Queria mais, mas não estou completa
Infelizmente é o fim sem meio
Não e o princípio de um grande
AMOR.
Manuela Bulcão